MÚSICA
SACRA E MÚSICA PROFANA
“Um
talento pode ser usado tanto para o bem, quanto para o mal; para Deus ou para
Satanás. O povo de Israel celebrou com músicas a Deus e ao bezerro de ouro”
Pr.João A.Souza Filho.
Uma das
discussões mais comuns e polêmicas no meio cristão tem sido a de definir o que
é música sacra e o que é música profana.
Como definir o que é ou não aceitável no culto a Deus? Melodia, ritmo e letra? Algumas pessoas avaliam a vida do autor, mas seria válida essa alternativa? O sujeito não é um bom cristão mas fez uma linda música com uma letra bonita que todo mundo usa nos cultos. É válido?
Pr.
João A de Souza Filho defende o seguinte método: “Pense na letra. Ela é
bíblica? Fala da obra redentora de Jesus, glorifica a Deus em tudo, ou é uma
letra com atrativos pessoais? Isto é, que fala de mim, do nosso, do eu e não
traz uma nota de glória a Jesus? Então é secular!”
Muita
coisa “sacra” se torna profana em nossas reuniões! Se aqueles que executam
instrumentos no culto a Deus não são santos, a música, por mais sacra que seja
em sua origem, não será aceita por Deus. O que torna o sacrifício santo, o
altar ou Deus?
Uma
guitarra, um contrabaixo, um órgão elétrico e instrumentos de percussão
executados por pessoas consagradas a cheias do Espírito, e no Espírito,
tornarão o culto santo. Existem até mesmo cultos que não são sacros! São cultos
que têm a aparência de religiosidade, contudo não têm a presença de Cristo.
Músicos, corais e pregadores têm que ter suas vidas separadas para Deus, do
contrário oferecerão iniqüidade no santuário.
Tudo o
que é inspirado por Deus, criado por ele e utilizado somente em honra dele, por
quaisquer pessoas é sacro, porque é oferecido para Deus. A mesma canção pode
soar profana ou sacra, dependendo da reverência e do coração das pessoas.
Como eram
os cultos na igreja dos primeiros apóstolos?
Como era
o culto na Igreja do Novo Testamento? Ora, se você é estudante das Escrituras
concordará comigo que o Espírito Santo não nos deixou um modelo de culto, isto
é, não nos deixou um modelo sequer de uma reunião da igreja dos primeiros dias.
Você já
se perguntou por quê?
Bem, em
sua sabedoria nenhum modelo de culto ou de reunião ficou registrado nas páginas
dos Atos dos Apóstolos nem das epístolas, indicando que Deus não está
interessado em modelos de reuniões ou de cultos, mas de corações que lhe
obedeçam e cumpram seus mandamentos.
Onde
estão os instrumentos musicais e a música no Novo Testamento?
No Novo
Testamento além de não termos modelos de cultos, modelos de batismos e de ceia,
também não temos o registro de instrumentos musicais. Existe uma denominação
história que não usa instrumentos musicais em seus cultos porque eles não
aparecem no Novo Testamento. No entanto, as igrejas evangélicas e as
pentecostais são as que mais incentivam o uso de instrumentos musicais em seus
cultos por entenderem que os louvores a Deus devem ser entoados com muita
música. Mas, de onde tiraram essa idéia? Do Novo Testamento? Sim e não.
Não,
porque no Novo Testamento os instrumentos musicais aparecem apenas em registros
de Mateus e do Apocalipse, no céu. A base toda vem do Antigo Testamento,
especialmente das indicações de Miriam, de Samuel, de Davi e de Josafá.
As únicas
ocasiões em que aparecem instrumentos musicais nos evangelhos são em Mateus
11.17 e Lucas 7.32: “Nós vos tocamos flauta, e não dançastes; entoamos
lamentações, e não pranteastes”. Depois, apenas em Apocalipse aparece o
registro de instrumentos musicais nos louvores entoados no céu. Se você quer
ser rigidamente bíblico elimine os instrumentos musicais dos cultos, ou
responda para si mesmo a pergunta: Por que o Espírito Santo não deixou registro
algum de instrumentos musicais nas reuniões da igreja dos primeiros apóstolos?
O
Espírito Santo não deixou modelos de cultos nem dos cânticos ou dos
instrumentos musicais para que, em cada cultura os fieis se expressassem da
melhor maneira possível com vozes e instrumentos musicais nos cultos a Deus.
Cada povo
em sua própria cultura saberá usar os elementos culturais para engrandecer as
obras de Deus e a obra redentora de Jesus Cristo.
É pecado,
para um cristão, ouvir música secular? Um cristão que ainda não abandonou a
música secular está perdido? O cristão só deve ouvir louvores?
Na
verdade, não é possível responder à pergunta sobre o ouvir músicas seculares
com um mero "sim, é pecado" ou "não, não é pecado"; a
questão é um pouco mais complexa.
Primeiro,
podemos perguntar: O que é pecado?
A primeira
resposta que nos vem à mente é o texto de I João 3:4 - "Todo aquele que
pratica o pecado transgride a Lei; de fato, o pecado é a transgressão da Lei."
(NVI)
Se
olharmos apenas este texto bíblico, ficaremos com o conceito de que basta
olharmos os 10 Mandamentos e, se os obedecermos, não estaremos pecando. Mas a
versão Almeida Revisada traduz este verso da seguinte forma: "Todo
aquele que vive habitualmente no pecado também vive na rebeldia, pois o pecado
é rebeldia." Vemos aqui uma definição mais abrangente e mais subjetiva
para a palavra "pecado". Na verdade, o próprio João, se seguirmos a
leitura até o verso 10, explica melhor a questão do pecado: quem peca é quem
faz as obras do diabo. Assim, para resumirmos, se compararmos este trecho com
outras passagens bíblicas, veremos que pecado é tudo aquilo que nos afasta de
Deus e da Sua vontade. Aí surge outra pergunta: A música pode realmente nos
afastar de Deus? Se sim, que tipo de música pode me afastar de Deus e que tipo
de música me aproxima dEle?
Sim, a
música pode me afastar ou me aproximar de Deus. Portanto, algumas músicas
seriam pecaminosas, enquanto outras não seriam.
É muito
importante enfatizar que estamos analisando o uso da música secular fora do
ambiente da igreja, em momentos de entretenimento pessoal e não de adoração. É
evidente que o que é secular não tem lugar no ambiente sagrado. A palavra
de Deus é contundente quando diz: “Não profanareis o meu santo nome, e serei
santificado no meio dos filhos de Israel. Eu sou o Senhor que vos santifico”
(Levítico 22:32) Este texto, juntamente com o relato do episódio em que Nadabe
e Abiú trouxeram fogo estranho perante o Senhor e foram consumidos (Lv 10.1-2),
deixa claro que nada que não tenha sido consagrado a Deus pode se usado na
adoração a um Deus santo.
É
importante quando tratamos deste assunto considerarmos a importância da letra.
Isso porque a letra transmite sua mensagem de forma objetiva, ou
seja a mensagem é clara. É possível analisar a poesia escrita, avaliando-a à
luz dos ensinos bíblicos da igreja e assim atestar a sua compatibilidade com
aquilo que a igreja prega. Podem surgir, no máximo, dúvidas de interpretação de
texto, mas, de forma geral, o conteúdo da letra é claro. Com a música, tudo é
diferente. Ela é um encadeamento de sons que ocorrem no tempo e que nos
influenciam, criando estados mentais, levando nossa mente a fazer associações
com situações ou momentos já vividos, alterando vários aspectos da nossa
fisiologia e sugerindo idéias, sentimentos e sensações. Por esta razão, dizemos
que a mensagem da música é subjetiva, ou seja, não é clara e pode
inclusive ter significados ligeiramente variados de pessoa para pessoa.
Evidentemente que esta variação de significados não é muito grande, pois se
fosse assim, as trilhas sonoras de filmes não teriam o impacto que sabemos que
elas têm, de maneira muito semelhante, sobre todas as pessoas, em qualquer
cultura.
Na música
sacra, é a letra deve ter a primazia, tal é a importância que ela tem. O real
problema acontece na análise da música em si, porque a maioria esmagadora dos
cristãos não realiza esta análise, seja por carecerem das ferramentas
necessárias, seja por não estarem dispostos a fazer esta análise. E não podemos
dizer que esta análise deveria ser feita pelo diretor de música, pelo líder do
louvor, pelo ancião, pelo pastor. Cada um de nós deve responder diante de Deus
pelas suas próprias escolhas e decisões, dentro da luz que possuímos.
Para
respondermos corretamente a questão sobre a música secular, temos que tentar
compreender a mensagem da música (independente da letra) e aí sim, vermos se
esta mensagem (ou influência) nos afasta de Deus ou não. Uma das formas que
algumas pessoas tentam usar para julgar a validade de algumas músicas é tentar
julgar o compositor destas músicas. Desta forma, argumentam, por exemplo, que
Beethoven era ateu, Mozart era um devasso, Tchaikovsky era homossexual e assim
por diante. Segundo este argumento, não deveríamos usar qualquer música
composta por estes mestres, uma vez que sua vida não era compatível com a vida
de um cristão e, portanto a sua música estaria "contaminada" por seus
hábitos não recomendáveis. A estas pessoas diríamos que não é o nosso papel
rotular ou julgar as pessoas. A música, para ser questionada, deve ser julgada
por si mesma, pelo que ela é, dentro do nosso contexto atual.
Para
compreendermos melhor, podemos fazer uma analogia: quando ingerimos uma comida,
não nos preocupamos se ela foi produzida por um evangélico ou por um ateu. O
que nos importa é que benefício ou malefício aquele alimento vai nos trazer. Se
só comemos apenas alimentos que não são saudáveis, que são ricos em gorduras,
nosso corpo será fraco, gordo, sem vitaminas e com o sistema imune deficiente.
Sofreremos de vários problemas de saúde e a nossa expectativa de vida, tanto em
qualidade quanto em longevidade, será diminuída. Se, contudo, comemos alimentos
saudáveis, naturais, em uma dieta equilibrada dos vários nutrientes, nosso
corpo será saudável, forte e bem equilibrado.
Temos que
admitir, infelizmente, que esta análise normalmente não é feita, e as pessoas
comem com base apenas no gosto. E por causa disso, vemos a população sofrendo
de diversos males que seriam perfeitamente evitáveis. Com a música acontece
exatamente da mesma forma. Se ouvimos músicas (sem se preocupar agora com a
letra) que nos elevem, que sejam apropriadas para a nossa espiritualidade, que
façam bem à nossa mente, a fonte de onde essas músicas vieram não é tão
importante quanto o benefício ou malefício que elas poderão causar à nossa
mente e à nossa espiritualidade. Assim como com os alimentos, o julgamento
musical não é apenas uma questão de gosto, mas de efeitos.
Não
podemos negar que muita coisa de valor pode ser encontrada na música secular.
Não é porque não é de origem cristã que, necessariamente, é pecado. Por
exemplo, poderia ser pecado cantar as virtudes do amor sincero e verdadeiro?
Seria pecado cantar as belezas da natureza, de um lugar lindo e inspirador, do
qual a pessoa sente saudades? Verdadeiramente, não cremos que isto seja
pecado. O amor sincero e verdadeiro não é um dom divino? A natureza não é
criação de Deus? Os sentimentos puros e sinceros não foram implantados no nosso
coração pelo Criador?
Não é
certo nos encastelarmos numa torre de marfim, nos trancarmos em uma redoma de
vidro, a fim de tentarmos fugir das influências maléficas do mundo. Se fizermos
isto, estaremos deixando de ser o "sal da terra", pois, se por um
lado, não recebemos influências maléficas, não estaremos exercendo o nosso
papel de influenciar beneficamente o mundo.
O que
acontece se o sal perde o seu sabor? Mt 5.13. Nosso exemplo maior,
Cristo, não deixou de andar com publicanos, comer com pecadores, conversar com
os rejeitados, impuros e excluídos da sociedade daquela época. Contudo, por
outro lado, não podemos nos esquecer que o próprio Deus nos ordena a sermos
santos e não nos contaminarmos com as coisas impuras do mundo, nem amarmos as
coisas que o mundo oferece (Lv 20.26; Mt 6.24; Tt 2.12; Tg 4.4; 1 Pd 1.14-16; 1
Jo 2.15-17). Como resolver esta aparente contradição, este paradoxo?
O
discernimento espiritual deve ser buscado na própria fonte de toda a verdade,
através da oração e do estudo da Palavra de Deus. A nossa própria vontade, o
nosso próprio gosto não pode ser o parâmetro seguro, pois, como já vimos, o
coração do homem é enganoso.
Voltando
ao exemplo de Cristo, ele se misturava com pecadores sim, mas depois de passar
noites inteiras em oração (Lc 6.12). Ele, que era o Filho de Deus, não ousava
entrar em contato com o pecado sem antes buscar forças para resistir a ele.
Será que não estamos querendo, neste aspecto, ser mais poderosos do que o
próprio Jesus? Não estaríamos nós, quando se trata de nossas escolhas musicais,
nos permitindo um contato com influências malignas sem antes nos revestirmos de
"toda a armadura de Deus" (Ef 6.11-13)? Seria muita presunção de
nossa parte tentarmos fazer isto, não é? Isto sim, seria um grande pecado...
(Tg 4.16).
Assim, é
evidente que precisamos ter cuidado em selecionar as músicas que ouvimos (sejam
seculares ou não), bem como as letras que essas músicas nos transmitem;
precisamos discernir que efeito este conjunto (letra e música) terá sobre a
nossa mente e a nossa vida espiritual. Mas, da mesma forma, quando questionados
sobre assuntos espirituais, precisamos fugir da resposta simplista de que,
sendo da igreja, é certo, não sendo da igreja, é pecado. Cada música precisa
ser analisada por si mesma, por seus valores, seus efeitos, seus resultados.
Esses resultados, precisamos nos lembrar, tem conseqüências eternas!
Todas as
escolhas musicais do cristão não devem estar rotuladas, mas precisam estar de
acordo com Filipenses 4:8 "Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é
verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o
que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum
louvor, nisso pensai."
No amor
de Cristo, servindo ao Seu reino
Geysa
Carneiro
fonte:http://migre.me/8WdID