Reapareceram na web alguns textos censurando blogs que tratam temas delicados e expõem vicissitudes do povo evangélico. Apologistas novamente são duramente criticados por expor o calcanhar de Aquiles da igreja brasileira aos olhos de milhares de freqüentadores das páginas de vidro deste webmundo.
O primeiro argumento que os defensores do “status quo”
usam contra nós é de que “Deus não precisa de defensores; ele é maior
de idade e sabe se defender”. Uma amiga internauta disse que esta frase é
de autoria de Caio Fábio. Ao menos assim, fora de contexto, a frase do
reverendo não podia ser mais infeliz. Isso porque embora Deus não
precise de defensores, a fé crista sim. E não foram os anjos que
receberam a missão de preservar a mensagem incorruptível e transmiti-la
às gerações futuras, e sim a igreja. Não podemos permitir que o
evangelho seja modificado, adulterado, nem aceitar uma mensagem
diferente daquela contida nas Escrituras (Gl 1.8).
O segundo argumento dos “críticos da crítica”
é que ao citar nomes e tornar pública a conduta dúbia dos falsos
mestres, ficamos em dívida com a ética e matamos nossos próprios
soldados. Penso que aqueles que afirmam isso não devem jamais ter lido a
carta aos Gálatas, quando Paulo repreende a Pedro, seu conservo e
apóstolo, por sua dissimulação (Gl 2.11-14), nem a segunda epístola
pastoral que ele enviou a Timóteo, à fim de advertir o jovem pastor
sobre aqueles obreiros reprovados, os quais ele não teme mencionar os
nomes (2 Tm 2.17; 2Tm 4.10). Aliás, uma das características que
distingue a Bíblia dos outros livros religiosos é o fato de que ela não
encobre a transgressão dos seus personagens, coisa que deve parecer
politicamente incorreta aos olhos dos nossos queridos colegas.
O terceiro argumento dos “nossos juízes” é,
ironicamente, que não devemos julgar quem quer que seja. Eles dizem que
julgar está em desarmonia com Jesus e com os evangelhos. Sinceramente,
às vezes penso que a única versão do evangelho que estas pessoas
conhecem é aquela apresentada pelo Augusto Cury ou pelo Paulo Coelho. O
pecado e o juízo simplesmente não existem na concepção deles, o que me
leva a pensar que no mínimo, eles adoram um Jesus diferente.
Ora, em
Mateus 7.15-19, o Senhor Jesus disse:
“Acautelai-vos, porém, dos falsos
profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são
lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis. Porventura, colhem-se
uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? [...] Toda árvore que não
dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os
conhecereis”
E também em Mateus 7.21-23, diz:
“Nem todo o que me diz: Senhor,
Senhor! entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu
Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não
profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios?
E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi
abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a
iniqüidade”
Ora, o que são estes dois textos, senão um convite ao discernimento
espiritual e uma promessa de juízo sobre todos os falsos religiosos?
Diferente do pensamento que predomina nos arraiais evangélicos, Jesus
não nos vetou o juízo, mas nos convidou a discernir entre o lobo e o
pastor.
Assim sendo, penso que uma campanha contra a apologética e as
denúncias dos descalabros cometidos por falsos profetas feitas em blogs e
sites é incompatível com o evangelho.
Se Deus fez com que denúncias
semelhantes fossem impressas e preservadas nas páginas de papel, por que
razão estaríamos pecando ao fazer denuncias semelhantes e publicá-las
em nossas páginas de vidro?
fonte: aqui