Em nossos estudos sobre o Pentateuco vemos em
várias nuances a presença da misericórdia de YHWH em nossas vidas, e uma delas
é citada em vários livros da Torá, são as conhecidas CIDADES REFÚGIO. Essas
cidades aparecem pela primeira vez na Bíblia através de Moisés, pois o Senhor
havia dado a ele leis de igual retribuição aos crimes cometidos, o conhecido
“olho por olho e dente por dente”, assim o parente de alguém morto poderia
justificar o assassinato, porém as CIDADES REFÚGIO saiam um pouco a essa regra.
Temos que deixar claro em nossas mentes que o povo de Israel não tinha código
de lei vigente ainda, foi um povo escravizado e que vivia no Egito de forma
totalmente desorganizada, sem saber o que era o certo ou o errado. Contudo o
Senhor veio por intermédio de Moisés mudar essa visão.
Iniciando
nossa jornada a partir do contexto histórico da época, vamos descobrir que um
local era considerado cidade quando a mesma era cercada por muros (ex.: cidade
de Jericó) caso não houvesse os muros era considerada uma aldeia.
Em
Ex.21:23-25 vemos como era julgado os crimes:
Mas
se houver morte, então darás vida por vida,
Olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé,
Queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe.
Olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé,
Queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe.
Apesar
disso, as CIDADES DE REFÚGIO envolviam certa medida de misericórdia.
É evidente que Deus queria impressionar os filhos de Israel com a santidade da vida humana. Por fim a vida de uma pessoa, não intencionalmente, é algo muito sério, e as CIDADES DE REFÚGIO sublinhavam isso de modo enfático. Assim aquele que cometia sem querer ou por engano um HOMICÍDIO CULPOSO (sem intenção de matar) poderia buscar proteção em alguma destas seis CIDADES.
Fazei
com que vos estejam à mão cidades que vos sirvam de cidades de refúgio, para
que ali se acolha o homicida que ferir a alguma alma por engano.
Números 35:11
A
grande importância da existência dessas CIDADES fica claro ao serem citadas em
quatro Livros do Antigo Testamento. As CIDADES DE REFÚGIO são uma ordem
provinda de Deus e não uma mera invenção dos homens
Falou
mais o Senhor a Moisés, dizendo:
O
próprio Deus foi quem cuidou dos detalhes de localização de cada uma das seis
CIDADES DE REFÚGIO (indico o nome de cada uma delas a baixo). A localização
geográfica era estratégica, três do lado leste do rio Jordão e três na terra de
Canaã. Num 35;13.
Quando
o Senhor entregou Canaã aos Hebreus, Ele ordenou que a terra fosse dividia em
três partes, e cada parte deveria escolher uma CIDADE DE REFÚGIO. Deut 19; 2-3.
Assim foram instituídas as três primeiras: BEZER, RAMOTE E GOLÃ.
*
A partir do momento em que outras terras de Canaã fossem dada aos Hebreus mais
três CIDADES DE REFÚGIO deveriam ser acrescentadas.
E, se o Senhor teu Deus dilatar os teus termos, como jurou a
teus pais, e te der toda a terra que disse daria a teus pais(Quando guardares
todos estes mandamentos, que hoje te ordeno, para cumprí-los, amando ao Senhor
teu Deus e andando nos seus caminhos todos os dias), então acrescentarás outras
três cidades além destas três.
Deuteronômio 19:8-9
Deuteronômio 19:8-9
Os
nomes dados às outras três CIDADES DE REFÚGIO que surgiram posteriormente
foram: QUEDES, SIQUÉM E QUIRIATE-ARBA.
Para uma maior compreensão fica claro que Moisés designou três ao oriente do Jordão e depois da conquista de Canaã, Josué e os chefes das tribos, designaram as outras três cidades a oeste do rio.
As
CIDADES DE REFÚGIO não poderiam ser longe dos locais onde as DOZE TRIBOS se estabeleceram, para que
no caso o homem que houvesse necessidade de fugir para ela, não fosse alcançado
pelo vingador de sangue (o vingador de sangue no caso era o parente mais
próximo da vítima que ansiando por vingança buscasse matar o que por engano ou
sem querer houvesse cometido o homicídio).
A
preocupação em facilitar o acesso as CIDADES
DE REFÚGIO, exigia que as estradas fossem bem cuidadas e com sinais claros:
REFÚGIO! REFÚGIO! Além disso, havia
atletas treinados em corridas para ajudar na fuga dos inocentes.
O
indivíduo que chegasse à CIDADE DE
REFÚGIO, na entrada da CIDADE deveria declarar porque razão estava ali.
Assim os anciãos responsáveis por aquela CIDADE cuidariam para que ele tivesse
proteção e abrigo. O vingador de sangue que violasse o recinto daquela CIDADE
seria executado.
Tais
CIDADES serviam como medidas judiciais auxiliares para ajudar o escape dos
homicidas involuntários, quando os vingadores da vítima matavam sem
misericórdia ao culpado sem temer a ação por parte da Lei.
Havia
qualificações específicas para aqueles que buscassem as CIDADES DE REFÚGIO, e os anciãos das CIDADES tomavam decisões
referentes a cada caso.
O
julgamento daquele que matou sem querer a um homem começava com o júri a favor
do HOMICIDA e não do homem responsável por vingar a morte do seu parente.
O povo tinha o dever de defender o réu, não permitindo que fosse morto pelo vingador. Após o julgamento o réu deveria ser levado para a CIDADE DE REFÚGIO e ficar lá até a morte do Sumo-Sacerdote.
Se no julgamento ficasse provado que o homicídio foi voluntário, era entregue à morte. Se, porém, ficasse provado que matou em legítima defesa, ou por acidente, então a cidade lhe oferecia asilo. Se ele deixasse a cidade, antes do falecimento do sumo sacerdote, sua vida correria perigo e lhe seria de total responsabilidade. Depois da morte do sumo sacerdote, era permitido voltar a sua casa sob a proteção das autoridades.
A condição para ser recebido nas CIDADES DE REFÚGIO era decidida pelos líderes da mesma. Quando o fugitivo ia ao lugar de julgamento na entrada da cidade, ele explicava aos líderes o que aconteceu e assim eles o deixavam ficar na CIDADE e lhe davam um lugar para morar ali.
Em
qualquer uma dessas CIDADES o homem estaria seguro e ninguém poderia matá-lo.
Para que ali se acolhesse o homicida que involuntariamente
matasse o seu próximo a quem dantes não tivesse ódio algum; e se acolhesse a
uma destas cidades, e vivesse;
Deuteronômio 4:42
Deuteronômio 4:42
Os
lugares de REFÚGIO se estendiam aos TEMPLOS, os SANTUÁRIOS e LUGARES SANTOS de
todas as variedades. Uma das características mais inclusivas das CIDADES DE REFÚGIO era o fato de todos
quantos carecessem pudessem alcançar ali por MISERICÓRDIA, pelo tempo
necessário ou até mesmo para sempre.
Martinho Lutero em 1529 quando estava escondido no castelo em Coburg escreveu o hino Castelo Forte aludindo ao refúgio que Cristo lhe estava dando naquele momento.
Neste hino, Lutero expressa o quanto podemos confiar em Jesus, nosso Castelo Forte, nosso Escudo e Boa Espada. Mostra também que quem nos defende é o Senhor dos altos céus, o próprio Deus e que o nosso grande acusador cairá com UMA SÓ PALAVRA!
Esta
cidade será de refúgio tanto para o israelita como para o estrangeiro.
Serão por refúgio estas
seis cidades para os filhos de Israel, e para o estrangeiro, e para o que se
hospedar no meio deles, para que ali se acolha aquele que matar a alguém por
engano.
Números 35:15
Números 35:15
Se
trazemos a ideia que o nosso Salvador é hoje nossa CIDADE DE REFUGIO podemos
entender que Jesus é o nosso sumo sacerdote e esconderijo, mesmo para
Israelitas ou para gentios (estrangeiros), sua morte nos livrou do temor da
retaliação do pecado, hoje não existe mais distinção de nações, pois todos que
O aceita são enxertados na videira verdadeira.
E também eles, se não permanecerem na incredulidade, serão
enxertados; porque poderoso é Deus para os tornar a enxertar.
Romanos 11:23
Romanos 11:23
As
CIDADES DE REFÚGIO estabelecidas
pelo Senhor através de Moisés e confirmadas a Josué eram a proteção daqueles
que eram culpados involuntariamente, assim CRISTO se tornou através da sua
morte na cruz nossa eterna CIDADE DE REFÚGIO, n’ELE encontramos misericórdia,
segurança e salvação. Em CRISTO há aceitação para o rejeitado, há REFÚGIO para
o excluído.
Fonte: Aqui. com minha alterações.