Dizia o profeta
que nosso senso de justiça é como trapo de imundícia (ou aqueles “paninhos”
usados como absorventes íntimos pelas mulheres judias na antiguidade).
A
menstruação é para o judeu algo imundo, e sua Lei ordena que o homem sequer,
neste período, se deite com a mulher, durante dez dias.
Imagine alguém que
enxuga um prato, por exemplo, usando esse tipo de pano.
Você certamente, ao
visualizar a cena, deve ter ficado com estômago revirado, mesmo se o que vai na
louça enxuta for o mais delicioso dos manjares.
“Não julgue para
que não seja julgado, já que são os mesmos critérios aplicados por você que
serão usados na avaliação de você mesmo” parafraseando o que ensinou o Mestre.
Muitos radicais
religiosos amam botar o dedo em riste no rosto alheio, sem lembrar desse
ensinamento simples. Possivelmente, no dia do juízo, eles mesmos se condenem,
já que nunca exercitaram a misericórdia (saber que o outro é culpado e perdoar
assim mesmo. Diz a escritura que Deus é rico nisso).
Nosso senso
crítico jamais deixaria um culpado impune, embora esperemos que, quando fomos
pegos em nossos delitos – não existem inocentes – sejamos perdoados por um ou
outro ato de bondade feitos por nós durante a vida, quando usaremos
mercenariamente isso como moeda de troca.
Nem lembramos que praticarmos atos
bons é obrigação, deveria ser próprio de nossa natureza, por sermos imagem e
semelhança dEle.
Falta-nos admitir
que nossa visão é estreita:
Quem é o culpado
pela criança abandonada, que morre como aborto nas ruas de uma metrópole quando
tentava fazer mais um furto que ocasionou na morte do assaltado?
Uns dirão:
“Culpa dos pais!
Puseram filhos no mundo e largam na vida!”
Mas então,
descobriremos que foi uma escolha da criança mesmo:
“Culpa dela, as
influências dos maus amigos...”
Mas ela fugia de
maus tratos de algum pai ou mãe alcoólatra, ou são os filhos do crack, gerados
por indigentes viciados nas calçadas frias, entre o lixo e os ratos. Não faziam
filhos, copulavam como manda o extinto.
E agora? A quem
acusaremos? O traficante, que vive da destruição alheia? De um pequeno grupo de maus
policiais que permite, através de corrupção, que traficantes permaneçam
vendendo? De um sistema que jaz no maligno e que insistentemente mantém vidas
nos lixos existenciais e misérias sociais? Do sistema perverso que se mostra
sempre intransponível, impossível de ser quebrado?
Talvez a culpa
esteja nas mãos daqueles, que vivem arrotando sua vontade de ajudar o próximo
por amor a Deus, mas no fundo quer mais é que esses morram logo, para o mundo
ficar com aquele colorido bonito dos cultos de domingo, sem o cheiro de urina e
suor que esses indesejáveis emanam.
Qual o resultado
de milhares de pessoas sendo manipuladas por jornais e revistas, inculcando
critérios distorcidos, quando sugerem – por exemplo – que você deve mandar
dinheiro para eles, para ELES darem um jeito na situação. Uma meia dúzia será
filmada, para provar o bom uso das ofertas, enquanto tudo, os milhares de
milhares, continuará como estão, vivendo para serem empurrados na vala comum da
existência.
Por que você
terceirizou a bondade que deveria fazer ?
Mandou suas ofertas para não ter que
pensar que falha dentro de sua própria casa?
A solução está na
primeira frase:
Não julgue, esteja
atento para o serviço, prudente como uma serpente, mas na tranquilidade e
simplicidade das pombas que passeiam nas praças, transitam pacíficas entre
gigantes, sem se importar com as probabilidades de serem aniquiladas. Quando se
crê em Deus e sua providência isso é possível.
Aprender a deixar
nosso aclamado ego em 2º plano pode ajudar a perceber nossas deficiências,
largar togas que não nos pertencem e nem nos cabem, entregar nossas escolhas a
Deus em lugar disso, e perceber como nosso caminho começa a nos levar a um
lugar iluminado só nos lembrará que procuramos a luz por estarmos ainda
cercados pelas trevas de nossa alma. Nós nem nos damos conta...
Isso pode evitar
nossa própria condenação, diante de nós mesmos.
...
Certa vez Davi foi
procurado por um profeta, que pedia-lhe parecer sobre o caso de um homem rico,
dono de grandes rebanhos, mas que roubou a única ovelha de um funcionário, e de
quebra, mandou que assassinassem-no.
O rei irou-se,
declarando que tal homem perverso era digno de morte.
O problema era que
o tal homem perverso, digno de morte, era o próprio Davi, que matara um de seus
soldados só para assumir a mulher dele, no qual engravidara enquanto esse
batalhava suas guerras.
Sim. É julgando
exatamente assim, com a justiça do olho por olho, que você se condena.
A melhor maneira
de julga o próximo ?
É deixando na mão
do Juiz (YHWH).
Oremos...