quinta-feira, 22 de março de 2012

Estudo sobre a vida de Davi – Parte III




Antes leia I Samuel 17 

Esta, talvez, seja uma das histórias mais conhecidas da Bíblia, e marca o início do preparo de Davi para ser rei de Israel. O povo de Israel estava vivendo um período de constantes guerras e conquistas. Era o tempo de serem estabelecidos os limites do seu território e também a sua supremacia naquela região. E os inimigos mais ferrenhos enfrentados por Israel foram os filisteus.
Naquele momento, israelitas e filisteus estavam acampados perto do vale de Elá. A batalha já estava anunciada. A vitória daria ao vencedor a ocupação de uma das regiões mais estratégicas da Palestina. O vale de Elá estava localizado em uma região conhecida como Sefelá, uma região geográfica extremamente importante porque dava acesso ao coração da terra da Palestina. Estando os exércitos enfileirados, um soldado saiu das fileiras dos exércitos filisteus para afrontar os exércitos de Israel. O nome desse soldado era Golias, com cerca de dois metros e noventa centímetros de altura, soldado desde a sua mocidade, preparado para enfrentar guerras e vencer combates. Só a sua couraça de bronze pesava sessenta quilos, fora o capacete e as caneleiras. Foi ele quem saiu para fazer a proposta de um duelo: dois homens, um de cada lado, lutariam até a morte. Quem vencesse ganharia o território em disputa para o seu povo.

Entretanto os soldados de Israel estavam amedrontados. Ninguém queria duelar com Golias, apesar de Saul ter oferecido riquezas, isenção de impostos e a própria filha em casamento. Assim, Golias permaneceu afrontando Israel por quarenta dias, sem que ninguém se sentisse encorajado. Esses desafios e afrontas perduraram até que Davi foi para o campo de batalha. O seu pai o havia enviado para levar comida para os irmãos. Davi, no instante em que ouviu o desafio do filisteu, se indignou sobremaneira. No final do versículo 26, lemos a expressão da sua indignação: “Quem é, pois, esse incircunciso filisteu, para afrontar os exércitos do Deus vivo?”

Davi reconhecia que aqueles desafios e afrontas não estavam sendo dirigidos a um povo qualquer, mas ao povo de Israel e, em última instância, contra Deus. Sendo assim, Deus certamente pelejaria contra os filisteus. Por isso, Davi aceitou aquela luta. Ele tinha a certeza de que aquela batalha pertencia ao Senhor. Por isso ele foi até Saul e se prontificou a lutar contra o gigante. De início, Saul tentou desanimar Davi, dizendo que o inimigo era muito preparado e hábil, poderoso e guerreiro. Contudo, Davi não se deixou desanimar e saiu à guerra com as suas próprias armas: uma funda, algumas pedras e um bordão.

É interessante, aqui, apresentar três importantes princípios de batalha espiritual. O primeiro princípio nos ensina que Deus peleja em favor do seu povo. Em diversos versículos de I Samuel 17 encontramos essa referência, além do versículo 26 citado acima:
“Tu vens contra mim com espada, e com lança, e com escudo; eu, porém, vou contra ti em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens afrontado.” (v. 45)
“Saberá toda esta multidão que o Senhor salva, não com espada, nem com lança; porque do Senhor é a guerra, e ele vos entregará nas nossas mãos.” (v. 47)

Davi tinha plena consciência de que não estava sozinho para pelejar contra o filisteu. Ele também sabia que não eram simplesmente as suas mãos, armas e palavras que derrotariam o inimigo. Davi confiava em alguém que era maior do que aquele gigante, e tinha total certeza de que Deus iria pelejar por ele. Hoje, os nossos inimigos não são pessoas de carne e sangue, como acontecia nos tempos de Davi (Efésios 6.12). Da mesma maneira como Deus pelejou em favor do seu povo naquele tempo, usando Davi, Deus hoje peleja em favor do seu povo, a Igreja – e não em favor de todas as pessoas. Isso, porque as guerras daqueles que pertencem a Deus são também as guerras de Deus. Aqueles que pertencem a Deus odeiam o pecado assim como Deus odeia. Eles se sentem envergonhados de ver o nome de Deus desonrado e a sua vontade prejudicada. Eles vêem a humanidade escravizada e sofrendo os abusos de Satanás e de seus seguidores. Eles sentem ardor pelo zelo com a vontade de Deus. Por causa de seu coração voltado para Deus, Deus peleja em favor deles.

Há ainda outro princípio: Deus dá a cada um as suas armas específicas. Em I Samuel 17.38-40, lemos que Saul tentou colocar sobre Davi a sua própria armadura de guerra. Contudo, como aquelas armas tinham sido feitas exclusivamente para Saul, elas não serviram em Davi. Ele nem sequer conseguiu andar com todo aquele peso. Por isso, Davi tirou as armas de Saul e tomou nas mãos aquelas que lhe pertenciam: um cajado, cinco pedras e uma funda. Apesar de serem armas aparentemente insignificantes em uma batalha, foi com essas armas que Davi venceu a batalha contra o gigante Golias. De fato, quando se está com Deus, não importam as armas, mas sim a certeza de estar com Deus e fazendo a vontade dEle. Ele é poderoso para usar qualquer coisa que a pessoa tem nas mãos.

Esse é um princípio fundamental para a batalha espiritual. Há muitas pessoas levando adiante o ministério de Deus não usando as suas próprias armas, mas as armas que Deus deu a outras pessoas, enterrando seus próprios talentos e dons a fim de dispor dos talentos e dons de outras pessoas. Por exemplo, pessoas que receberam de Deus o talento para dançar enterram esse dom e buscam a capacitação de cantar que foi dada naturalmente a outra pessoa. Por não carminharem no dom que receberam, essas pessoas sentem um grande peso. São pessoas que vivem cansadas, frustradas e têm a impressão de que nada está funcionando. Quando olham para outros e vêem que eles estão vencendo as batalhas essas pessoas chegam a acusar Deus, dizendo: “Por que o outro consegue e eu não? O Senhor o ama mais do que a mim?”

Deus conquista a vitória por sua própria honra. Muitas pessoas acabam se vangloriando e tomando a glória de Deus quando recebem a vitória de Deus, agindo com falsa humildade, julgando-se os mais espirituais, os mais vencedores, os detentores da verdade sobre a batalha. Mas não devemos pensar que Deus conquistou a vitória para nós ou por nossa causa. Em uma batalha entre o povo de Deus e o inimigo, o que está em jogo não é a honra das pessoas, mas o próprio nome e honra de Deus. Ele é o detentor do poder, Ele vence a batalha por nós.

#oremos

Continua na parte 4...