quarta-feira, 25 de abril de 2012

Estudo sobre a vida de Davi – Parte V



Antes leia I Samuel 18.1-5 

Todos temos necessidade de amizades. Há um caráter espiritual na amizade, no que diz respeito à unidade, aos objetivos comuns e à afinidade (veja o exemplo da triunidade). Mas os amigos verdadeiros são poucos; há uma diferença entre ser ‘amigo’ e ser ‘conhecido’. A vitória de Davi sobre Golias foi inspiração para os exércitos de Israel. Saul ficou maravilhado perante Davi e, enquanto eles dialogavam, ali estava também, quase imperceptível, Jônatas, filho de Saul. Em meio àquele primeiro encontro, “(...) a alma de Jônatas se ligou com a de Davi; e Jônatas o amou como à sua própria alma.” (I Samuel 18.1) O texto não nos diz que Jônatas e Davi já se conheciam de muito tempo. Esse é o primeiro princípio da verdadeira amizade: só existe amizade se existe identificação. O verbo “ligar” significa, literalmente, amarrar determinados objetos com cordas de modo que eles não se soltem e não se separem. Contudo, quando esse verbo se refere a relacionamentos do homem com alguma coisa ou de um ser humano com outro, ele sempre exige uma relação de identificação. Tomemos como exemplos a relação entre Jacó e Benjamim (pessoa e pessoa, Gênesis 44.30) e entre Raabe e o fio vermelho em sua janela (pessoa e coisa – a identificação com o Deus de Israel, Josué 2.17,18). Assim, se você se aproximar de alguém e esse alguém não lhe corresponder, então, por mais que você queira, não existirá vínculo de amizade. Não é porque você escreve cartas, manda e-mails e dá telefonemas que começou a existir amizade. Amizade só existe quando há identificação, e identificação é sempre bilateral, ou seja, exige a participação ativa das duas pessoas. Contudo, só haverá identificação para verdadeira amizade se um amar o outro como ama a si mesmo. O texto nos diz que Jônatas amou Davi como amava sua própria alma. Ninguém ama a sua alma interessadamente, a usando para alcançar um fim ou visando uma troca ou barganha. Quem ama a sua alma, faz todo o bem a ela. Só existe amizade quando essa identificação acontecer por amor, ou seja, pelo desejo de se ajudar e se doar ao outro.

Só existe amizade se existe compromisso. O versículo 3 diz que Jônatas e Davi fizeram aliança, mais uma vez repetindo, “(...) porque Jônatas o amava como à sua própria alma.” A expressão “fizeram uma aliança”, no hebraico, é literalmente ‘cortar uma aliança’ (o verbo que foi traduzido por fazer é o verbo ‘karat’, que significa ‘cortar em pedaços’). O que o texto nos diz sobre isso? Jônatas providenciou um animal, cortou-o em pedaços e passou no meio deles. Com esse ritual simbólico, ele estava dizendo: “que a sorte que caiu sobre esse animal caia sobre mim caso eu não guarde a aliança”. Jônatas estava firmando o seu compromisso de vida ou morte com Davi.

Só existe amizade se existe demonstração. Diz o texto: “Despojou-se Jônatas da capa e a deu a Davi.” Essa foi uma demonstração pura e desinteressada de amizade verdadeira. A intenção de Jônatas não era “comprar” Davi com um presente, mas demonstrar a ele que a amizade que havia nascido ali era maior do que o valor de coisas materiais.

Há ainda o relato da história de Calvino e Farel. Eles se encontraram pela primeira vez em Genebra. Farel convidou Calvino a permanecer na cidade, mas Calvino queria viajar para estudar tranqüilo. Então Farel disse: “Deus amaldiçoe teu descanso e a tranqüilidade que buscas para estudar, se diante de uma necessidade tão grande te retiras e te negas a prestar socorro e ajuda”. Quando, porém, Calvino foi desterrado de Genebra, Farel, que podia permanecer ali, decidiu ir para o exílio junto a João Calvino.

Custe o que custar, um amigo estará sempre ao seu lado, buscando o seu bem. Independentemente da sua própria vontade, ele resolve ajudá-lo em tudo. Ele é aquela pessoa que renuncia as suas noites de sono, em sua própria casa para estar no hospital como um amigo, ou renuncia sair à noite com os companheiros para permanecer com aquele amigo que não está bem. Um amigo verdadeiro renuncia a si mesmo, assim como fez Jesus – nosso melhor amigo.

#oremos

continua na parte VI...